Por José Roberto Bernasconi*

O Brasil será a sede da do Mundo de de 2014, conforme decisão anunciada pela Fifa em 30 de outubro, na Suíça. Nosso país tem agora a rara oportunidade de transformar o principal futebolístico mundial em fantástica alavanca da melhoria da infra-estrutura – esportiva, de acomodações turísticas, de transportes e de áreas como saneamento e drenagem – de nossas metrópoles. E, assim, receber um afluxo enorme de turistas, impulsionar a imagem do país no exterior e, principalmente, provocar uma verdadeira revolução urbanística nas capitais e cidades vizinhas às regiões metropolitanas, semelhante ao que aconteceu na Espanha, por ocasião dos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona.

O desafio é gigantesco. Tomando como exemplos a Espanha 92 e a África do Sul, que sediará a Copa de 2010, verificamos que os espanhóis começaram a planejar e a investir com uma década de antecedência na realização dos Jogos Olímpicos, que coincidiram com o quinto centenário do descobrimento da América por Cristóvão Colombo e a escolha de Madri como Capital Cultural Européia. Assim, a Espanha recebe hoje 40 milhões de turistas/ano e a renda per capita do país é de 27 mil dólares. A África do Sul começou a se organizar para que fosse escolhida como sede da Copa em 1994 e hoje trabalha para preparar um torneio que transforme o país, na imagem externa e na melhoria das condições urbanísticas de suas principais cidades.

O planejamento com boa antecedência, é essencial ao sucesso pré, durante e pós-evento. A Fifa tem uma lista de quesitos a serem atendidos sob a rubrica acessibilidade que inclui desde aeroportos, portos, rodovias e ferrovias, metrôs, sistemas de ônibus, estacionamento e de vias de acesso aos estádios; de hospedagem – complexos hoteleiros com instalações esportivas situados em cidades próximas às sedes das oito chaves que compõem a competição; segurança e diversos outros itens que precisam ser atendidos pelo país candidato a sediar a Copa.

Não basta, porém, conquistar o direito a sediar a Copa. O Brasil precisa começar a planejar imediatamente as e serviços exigidos para acolher essa competição, sob pena de se repetirem, em 2014, os mesmos problemas que vimos acontecer na execução das obras necessárias aos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro. Ali, pela falta de planejamento adequado dos trabalhos e obras exigidos para a competição, os custos foram elevados em cerca de oito vezes: dos cerca de R$ 400 milhões inicialmente estimados para mais de R$ 3 bilhões, requerendo fortes investimentos do governo federal.

As empresas brasileiras de arquitetura e engenharia de projetos brasileiro detêm conhecimentos, e experiência suficientes para desenvolver os projetos e gerenciar as obras exigidas, em todos os setores da infra-estrutura. Temos construtoras com know-how de alto padrão, de nível . A técnica, portanto, não é a dificuldade.

O essencial está no planejamento antecipado, bem-estruturado, que preveja em detalhes as obras necessárias, as fontes de financiamento (público e privado), com orçamentos bem definidos e cronograma exequível. Nas demais áreas de infra-estrutura, há necessidades de investimento, a serem quantificadas, que capacitem o país a receber com brilho a principal competição mundial de futebol.

A Copa pode representar para o Brasil a chance de melhorar substancialmente sua infra-estrutura urbana e geral e, ainda, de construir um país melhor, que oferece qualidade de vida aos brasileiros e boa recepção aos turistas. A realização dos jogos pode se transformar num verdadeiro "PAC da Copa". Assim como o presidente Juscelino Kubistchek cunhou o slogan "cinqüenta anos em cinco", temos a chance de transformar esse evento em um programa "21 anos em 7", fazendo com que o país atinja a maioridade na sua infra-estrutura e, de quebra, ajudando a alavancar o crescimento. Nós brasileiros não podemos perder mais esta oportunidade.

*José Roberto Bernasconi é presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco)
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