De mala e cuia…

Experiências inesquecíveis e os desafios de morar longe de seu país de origem.

Cada ano, centenas de pessoas no Brasil e através do mundo decidem abandonar seus empregos e ir para o exterior tentar mudar suas vidas. Porém, viver no exterior não é tão simples e exige adaptação. Para a salvadorense Daiane Muxfeldt, 24 anos, que vive há quase dois anos na Alemanha, ela afirma que essa adptação varia de pessoa para pessoa, e dependendo também o país em que ela vive. “A vida de qualquer pessoa no exterior tem seus prós e contras e geralmente no começo não é fácil pra ninguém. A adaptação, principalmente cultural é sempre um processo trabalhoso”, afirma Daiane. Além disso, o idioma é uma barreira a ser vencida, e exige dedicação. Mas ela garante que os brasileiros sofrem por outro motivo. “Aqui não se dá jeitinho pra nada, se segue as regras e ponto”, avalia.

A psicóloga Andrea Sebben, especialista em psicologia intercultural, afirma que esse encontro intercultural entre brasileiros e países de primeiro mundo são na verdade um conflito de valores e crenças culturais. Posto que é comportamento todo nosso modo de amar, viver, perdoar, decidir, governar, tocar, vestir estão impregnados do que chamamos “jeito de ser”. “Toda migração tem pelo menos 3 características básicas: é uma experiência de risco, de ambivalência e de solidão”, alerta Andrea. Mas, sabendo lidar com os riscos, a experiência é benéfica.

Daiane Muxfeldt, inicialmente foi trabalhar com Au Pair na Alemanha, para adquirir novas experiências, especificamente na cidade de Munique, mas preferiu estender sua estadia na . Esteve no Brasil, visitando a família em março, e retornou para ficar morando mesmo no país germânico. “Com o passar do tempo fui me adaptando ao modo de vida aqui e em dois meses já estava decidida a ficar mais”, afirma. Além de se acostumar com o modo de vida alemão, Daiane diz que a família com quem mora também foi um catalisador para sua decisão. “ Com a família tenho um relacionamento muito agradável e isso torna tudo mais fácil. Mas o motivo maior é que descobri que sou uma apaixonada por desafios e estar aqui, lutando todos os dias adquirindo pequenos resultados que pra mim são muito importantes é algo que simplesmente me fascina” revela. A psicóloga Andrea comenta que essa atitude se reflete na arte do encontro que é uma intercultural. “Ser corajoso, ter metas, ter focos, ter sonhos auxilia na permanência no país estrangeiro”, ressalta. A salvadorense e agora também uma cidadã alemã, Daiane, vai estudar na Ludwig Maximillian Universität, no de pedagogia. “Ter a oportunidade de estudar na LMU, que será a minha futura universidade, é algo que me traz grande satisfação, e sinceramente quero superar as expectativas que a universidade espera de mim”, revela, empolgada.

Durante o ano que esteve na Alemanha, antes de visitar o Brasil, Daiane esteve em vários países da Europa, e garante, o mais bonito é a Itália. “A cultura, a comida, o povo, tudo lá me encanta demais, fui várias vezes e sempre que volto saio de lá apaixonada”. Mas, ao retornar para a Alemanha, Daiane foi surpreendida com um da sua família para uma viagem diferenciada, conhecer a cosmopolita Dubai, uma cidade multicultural. “ O que mais me chamou a atenção foi a forma futurística que a maioria dos edifícios tem. E o fato de que a quinze anos atrás tudo aquilo era somente deserto. Lá é tudo interessantíssimo e lindo, muito rico e bem planejado” explica. Daiane conheceu muitos lugares, mas dá dica sobre o lugar que mais a impressionou em Dubai. “O Burj al Arab é com certeza um monumento que deve ser visto. O Burj Dubai também que é o maior prédio do mundo com 840 metros de altura, e o palácio do Shake e com certeza um de balão sobre o deserto é algo que vale muito a pena”, enumera. Ela ainda teve contato com a cultura local, tanto na dança, como na gastronomia, e diz que eles são especialistas em e frutos do mar. Já na dança, ela afirma ser hipnotizante.

Com todas essas histórias, fica difícil saber se ela voltaria para a vida pacata de Salvador do Sul. Porém, é impossível não perguntar. Ela então, desconversa. “Gosto demais da Alemanha, posso dizer que criei um vínculo mais forte do que o esperado com esse país. Mas o Brasil é um país maravilhoso, e claro que tenho muitas coisas que me prendem a ele. Essa pergunta vou ter que deixar no ar”, fala, às gargalhadas.
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