Muitas crianças de Salvador do Sul sentem falta do Carlão. Porém, estão conformadas com a saída dele da secretaria do desporto do município, onde dava de futebol na LC Winck. Isso porque ele foi atrás de um grande sonho.

Carlos Eduardo Deuner, 24 anos, natural de Bento Gonçalves, trabalhou em Salvador do Sul alguns anos, e já havia conquistado a criançada. Além disso, atuava nos campeonatos de futebol da região, tanto no campo quanto em quadra. “Joguei, como profissional, no Agel de Garibaldi, e no Campo Guarani também de Garibaldi, e no amador, joguei no Fluminense de Linha São João, campo e Salão Lanndrosul. Esses são os últimos, porque foram vários clubes”, contabiliza Deuner. Hoje, porém, foi mais longe, um oceano de distância do Brasil, mais precisamente na cidade de Molfetta, na Itália. Há três meses no país do velho continente, Carlos afirma que a oportunidade surgiu em uma conversa com um amigo que já jogava na Itália, e, através do seu empresário, conseguiu uma chance. “Foi de acaso, e agora jogamos juntos, meu amigo e eu, no mesmo time, Real Molfetta Calcio5”.

O esporte para Deuner é a sua vida. Ao trabalhar em Salvador do Sul, com as crianças, ele revela que o grau de experiência foi maravilhoso, pois ao mesmo tempo em que ele ensinava seus , aprendia, numa relação de troca. “Tudo que fiz tive o apoio de quem estava no comando da secretaria e confiaram na minha pessoa. Começamos com 30 a 40 crianças e chegamos a 120. Foi um bom trabalho, os frutos com certeza irão sair dessa bela árvore”, orgulha-se. Além das crianças, Carlão, como era chamado pela maioria dos salvadorenses, também trabalhava com a Terceira Idade. “Não tenho palavras de como foi satisfatório ter trabalhado com esse grupo. Se dedicavam em tudo, participavam em tudo”.

Nesses meses na Itália, Carlos já acumula algumas experiências e revela algumas dificuldades, tanto na convivência diária quanto no esporte. “O mais difícil é se adaptar ao estilo de jogo, que é diferente do Brasil”, explica. Ele diz que os italianos são boas pessoas, mas se diferenciam dos brasileiros na “alegria de viver”, e ainda por possuírem uma certa teimosia. “É muito difícil ouvir deles que estão errados, são bem fechados”, conta ele. Com isso, Carlos diz que está aprendendo a lidar com essas diferenças, e ao mesmo tempo aprendendo a língua. Segundo Carlos, um costume dos italianos é se cumprimentar com dois beijos na bochecha, mesmo os homens. “Com essa coisa até fiquei meio estático”, diverte-se. Mas a comida ele diz que é tão boa quanto à brasileira e que a única diferença é que não misturam os alimentos, vem tudo separado, em cada prato. E sobre o país, ele rasga elogios, lembrando a organização, as praias muito bonitas, cidades limpas e os ótimos ginásios onde jogou.

A carreira esportiva no exterior, segundo Deuner, é muito boa, devido a organização. Existe incentivo, começando pelo ótimo salário. No resto, o que os italianos gostam é de que o jogador se esforce, tenha um bom preparo físico. E para crescer ainda mais no exterior, é necessária persistência e uma boa adaptação. “É chegar nos jogos e nada te atrapalhar, manter um foco, sem se preocupar com outras coisas. Precisa também de paciência, porque muita coisa acontece, e você tem que estar preparado”. Para Carlos, o futebol ainda exige a capacidade de se doar, e lembrar que se trabalha sempre em equipe. “O futebol é um esporte coletivo, nunca ninguém cresceu sozinho, se tem um time que não joga bem, e só perde como se faz pra crescer?” explica. Com isso, Carlos lembra o jogador Ronaldo Fenômeno, que é um exemplo de superação para ele, e um ídolo do futebol. “Ele nunca desistiu, passou por muitas dificuldades. Mesmo rico quis continuar a jogar”.

Jogar bola em outro país exige muita persistência, como afirmou Deuner, e ainda, segurar a saudade que se sente da família. Mesmo falando todos os dias com eles, via internet, é difícil estar longe. “Sinto falta da minha família, pais Remo Deuner e Marlene Maria Simionatto Deuner, irmão, namorada, amigos, mas é um preço que tenho que pagar pela minha escolha”.

Para aqueles que gostariam de fazer o mesmo, Carlos dá algumas dicas, como ir atrás de seus sonhos e nunca desistir, pois afinal, depois as coisas vão acontecer naturalmente, uma vez que não se passe por cima dos princípios, como o respeito pelas pessoas. E ele ainda afirma que o importante é valorizar a família e os amigos de verdade. “Agradeço a todas as pessoas que sempre estiveram me acompanhando no meu trabalho em Salvador e as pessoas que abriram as portas para mim. Além deles, aos alunos que sempre me compreenderam, e ao Grupo da Terceira Idade, que fez com que o professor desse ainda mais um valor na vida, por eles mostrarem suas lições de vida em todas as aulas”, finaliza.
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